A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada ontem (9) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, funciona como chantagem política, na avaliação de três analistas consultados pela Agência Brasil.
Segundo os especialistas, a medida teria o objetivo atingir o Brics, proteger grandes empresas de tecnologia norte-americanas – as chamadas big techs –, e interferir no processo político e judicial interno do Brasil.
O professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Pedro Rossi, afirmou que a decisão de Trump não tem uma finalidade clara porque o Brasil não é tão relevante para a economia americana. Para ele, a medida tem motivações políticas, com intenção de tentar ameaçar e chantagear o país.
“Ele olhou para o Brasil como um país que ele pode ameaçar sem muita consequência econômica para os Estados Unidos, como é o caso do México e Canadá. Isso foi uma reação muito espontânea e bruta à cúpula dos Brics e à forma como o Brasil está se movendo no cenário internacional”.
A professora de relações internacionais Camila Felix Vidal, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destacou o timing da decisão após a cúpula do Brics.
“Enquanto a carta da Indonésia é justificada toda em termos desse suposto déficit comercial, na do Brasil a justificativa ali mais plausível, que dá conta o tom da carta, é o aspecto político. Trata-se, portanto, de tentar interferir no nosso sistema jurídico”.
Já o professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Carlos Delorme Prado, destacou que o direito internacional não permite o uso de tarifas para fins políticos de forma unilateral.
“O que se trata aqui é de um comportamento abusivo de um governo estrangeiro para obter vantagens políticas usando meios ilegais para constranger um país soberano. Não é legítimo, é ilegal, a imposição de tarifas de maneira errática, tal como está colocado, existe um procedimento.”
Nesta quinta-feira (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo federal vai abrir uma reclamação oficial junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) para tentar reverter as tarifas.
*Com informações da Agência Brasil
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