O mercado financeiro vive a expectativa do primeiro corte nos juros dos Estados Unidos em 2025. Diante disso, a cotação do dólar caiu para R$ 5,29 no último fechamento, o menor valor desde 6 de junho do ano passado, quando a moeda encerrou em R$ 5,25. Para Lucas Martins da Silva, sócio e private advisor da Blue Investimentos, não há espaço para quedas mais amplas, pelo menos no curto prazo.
Segundo o especialista, o movimento recente surpreendeu mais pela intensidade do que pela direção da queda. No fim de 2024, o dólar chegou a superar R$ 6,20 em meio à incerteza fiscal no Brasil, mas desde então a política monetária doméstica ajudou a estabilizar o câmbio. “Com esses ajustes, o mercado começou a precificar uma correção do dólar frente ao real. Outros fatores, como as decisões do governo Trump, também impactaram a moeda”, afirma.
O mercado e a Super Quarta
No entanto, o fator que mais pesa neste momento é a decisão do Federal Reserve sobre a taxa de juros nos EUA. Na tarde desta quarta-feira (17), o banco central norte-americano deve fazer um corte de 0,25 ponto percentual, o que deve levar os juros para um intervalo entre 4% e 4,25%.
Silva acrescenta que, além do desempenho econômico brasileiro, o patamar mais elevado da Selic, hoje em 15%, também corrobora para o movimento de apreciação do real frente ao dólar. Juntamente com a decisão da política monetária do FED, o mercado também aguarda uma manutenção dos juros aqui no Brasil: é a chamada Super Quarta.
Dólar em baixa: ruim para o agro
Se por um lado a queda do dólar é uma boa notícia para o turista, para o setor agropecuário, o efeito é direto nas receitas das exportações. O impacto é o mesmo na competitividade. “Se o produto brasileiro encarecer em dólar, o mercado pode buscar alternativas com menor impacto cambial, como EUA e Argentina” aponta Silva. Outro impacto negativo é o aumento da volatilidade dos preços internos de produtos como soja e milho.
O fator cambial sobre os embarques brasileiros se soma a um momento delicado, em que o país sofre as consequências das tarifas de 50% contra os produtos brasileiros que são destinados ao mercado norte-americano. O especialista explica que, entretanto, o tarifaço já foi precificado pelo mercado. Com isso, o impacto na queda da moeda não é relevante.
Riscos da volatilidade: como se proteger?
A oscilação do câmbio continua sendo um dos principais riscos para o agronegócio no curto prazo. De acordo com Silva, a volatilidade traz incertezas para as exportações, dificulta o planejamento das empresas e aumenta os custos de produção. “Esse movimento atrapalha a previsibilidade de receita e custos e pode comprometer a estratégia de médio e longo prazo”, afirma.
Para reduzir os impactos, o especialista recomenda atenção redobrada à política monetária nos Estados Unidos, às decisões sobre a Selic e ao risco fiscal brasileiro. “São fatores que podem disparar movimentos de fuga para o dólar”, explica. Como forma de proteção, ele sugere que produtores considerem operações de hedge, que funcionam como uma trava contra altas repentinas da moeda norte-americana.













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