O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (29) que a decisão dos Estados Unidos de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros foi um “tiro no pé” da economia americana. Segundo ele, a medida criou um “clima artificial de animosidade” entre os dois países, mas há expectativa de que se inicie um diálogo racional para reverter a situação.
“Acho que foi um tiro no pé deles, inclusive para a economia americana. Não faz o menor sentido pagar mais caro o café, a carne. Eu quero crer que vai se iniciar, em algum momento, um debate racional, primeiro separando o que é econômico do que é político”, disse Haddad durante a Conferência Itaú BBA Macro Vision 2025, em São Paulo.
O ministro reforçou que o Brasil não respondeu com contramedidas, mesmo após o Congresso aprovar a Lei da Reciprocidade Econômica. “Tentar usar tarifa como arma política, na minha opinião, é um equívoco que deveria ser corrigido o quanto antes, e estamos trabalhando nessa direção”, declarou.
Possível reunião com secretário americano
Haddad afirmou que pretende se reunir com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, antes da reunião dos ministros de finanças do G20, marcada para 15 e 16 de outubro, em Washington. “Eu tenho uma ida para os Estados Unidos para o G20. Na pior das hipóteses, acredito que a gente vai se falar lá. Mas quem sabe antes disso os dois gabinetes marquem uma reunião. É possível também”, disse.
A sinalização de encontro ocorre após um episódio recente de frustração: o próprio secretário chegou a marcar uma reunião com Haddad, mas cancelou em cima da hora, o que ampliou o mal-estar diplomático.
No último dia 23, durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou brevemente com o presidente norte-americano, Donald Trump, e os dois acertaram a intenção de discutir economia em uma reunião futura.
Reformas e agenda doméstica
Durante sua fala, Haddad também destacou o impacto das reformas em andamento, que, segundo ele, podem elevar o PIB potencial brasileiro de 2,5% para patamares próximos à média mundial. O ministro ainda ressaltou que a agenda econômica busca conciliar ajuste fiscal e justiça social, além de projetar a liderança do Brasil nos debates ambientais com a realização da COP30 em Belém (PA).












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