A Comissão Europeia vai apresentar nesta quarta-feira (3) a proposta de aprovação do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e Mercosul. A proposta precisa ser aprovada pelo Parlamento Europeu e por uma maioria qualificada dos governos da UE, algo ainda incerto, já que vários países continuam resistentes ao acordo.
França, maior produtora de carne bovina da UE, e a Polônia, outro importante país agrícola,
têm se manifestado contra o acordo, preocupados com a concorrência de produtos agrícolas
sul-americanos. Organizações ambientais e parte do parlamento, especialmente grupos verdes e forças de extrema direita, também se opõem, argumentando que o acordo poderia causar danos ambientais e comprometer padrões europeus de segurança alimentar.
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Para acalmar as preocupações, a Comissão propõe um mecanismo de salvaguarda que suspenderia o acesso preferencial para produtos sensíveis, como carne bovina, caso as importações aumentem mais de 10% em volume ou reduzam os preços na mesma proporção. Essa medida de defesa foi defendida pelo primeiro-ministro polonês Donald Tusk, que mantém oposição ao pacto, mas reconhece a falta de aliados suficientes para bloqueá-lo.
A UE vê o acordo com o Mercosul como o maior já firmado em termos de redução tarifária e
considera-o essencial para diversificar suas parcerias comerciais, especialmente diante das tarifas e tensões fiscais impostas pelos Estados Unidos. Desde a reeleição de Donald Trump, a UE tem buscado acelerar negociações com India, Indonésia, Emirados Árabes, além de aprofundar laços com Reino Unido, Canadá e Japão.
Além do Mercosul, a Comissão também apresentará uma versão atualizada do acordo comercial com o México, firmado em janeiro, reforçando a estratégia europeia de ampliar e modernizar suas alianças comerciais globais.
Os defensores do acordo destacam que o Mercosul representa um mercado em expansão para carros, máquinas e produtos químicos europeus, além de ser uma fonte confiável de minerais críticos para a transição verde da UE, como o lítio usado em baterias, atualmente dependente da China. O acordo também abriria melhores condições para queijos, presuntos e vinhos europeus no mercado sul-americano.
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