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Especialistas dizem que ataque ao Irã vai além das bombas atômicas

Após cessar-fogo, Israel e Irã se declaram vitoriosos

A destruição de bombas atômicas do Irã como justificativa para ataques americanos e israelenses não é verdadeira, na opinião de especialistas. Manter uma hegemonia militar de Israel sobre os vizinhos no Oriente Médio explica melhor as ações israelenses.

O professor de Relações Internacionais Robson Valdez, do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa, diz que Israel usa a ideia de risco à sua existência para justificar ataques, e, agora, o alvo é o Irã.

“Essa fragilidade do Irã acaba mantendo também, reforçando a manutenção da superioridade tecnológica em militares de Israel na região. Um outro ponto importante é que os Estados Unidos buscam dessa forma preservar a sua posição política lá no Golfo Pérsico e sobre o mercado energético global diante de uma crescente aproximação entre China, Rússia e Irã também.”

Já o antropólogo Michel Gherman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, avalia que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem explorado politicamente os conflitos com Irã, Hamas e Hezbollah.

“(Ele busca) Garantir que haja uma percepção do público de que ele conseguiu, no murro, fazer um novo Oriente Médio. Ele consegue isso a partir da limpeza étnica do Hamas, com a derrota do Hezbollah no Líbano, ele consegue isso com uma reivindicação sobre a mudança de regime na Síria, e, a partir disso, ele aponta para o Irã como a última fronteira.”

Apesar das acusações, não há evidências públicas da existência de bombas nucleares do Irã. Gherman alerta para o risco de que os ataques provoquem o efeito contrário ao desejado pelas potências ocidentais.

“A bomba atômica existe como distração, de que a única possibilidade de proteção seria essa. Eu acho que a gente tem muita água pela frente, mas uma das possibilidades é que a guerra, ao invés de ter produzido o fim da ameaça nuclear, possa ter produzido a aceleração da presença nuclear no Irã.”

A professora de História Contemporânea e Política Internacional da UFRJ, Beatriz Bissio, aponta que o Irã é alvo dos ataques de Israel por defender o direito dos palestinos à terra. Esse apoio do Irã é respaldado no direito internacional e já foi visto em situações similares na história da África.

“O Irã não está fazendo uma invasão de territórios palestinos ocupados por Israel. Está apoiando grupos que resistem àquela ilegal ocupação de Israel em terras que, pelo direito internacional, têm que ser de um ainda não proclamado Estado Palestino.”

O Conselho de Segurança da ONU, por sua vez, segue de mãos atadas, já que interesses entre Estados Unidos, China e Rússia se chocam. O que não diminui a importância das discussões, explica a professora de Relações Internacionais do Instituto Mauá de Tecnologia, Carolina Pavese.

“Isso se cria um canal paralelo para negociação onde se contrapõem as ações às normas internacionais e é um espaço de validação ou não da legalidade dessas atividades. Isso tem um peso moral na diplomacia que é muito importante.”

A professora acredita que russos e chineses não devem se envolver diretamente no conflito, mas podem manter apoio político no debate internacional.

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