O anúncio de tarifas de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil aos EUA pode fechar o mercado entre os dois países, com impactos em setores industriais, perda de empregos e desvalorização do real, segundo especialistas.
Em coletiva na manhã desta quinta-feira (10), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse não haver “racionalidade econômica” na intenção de Donald Trump de aumentar as tarifas sobre os produtos brasileiros.
“Nos últimos 15 anos, nós tivemos um déficit de bens e serviços de mais de US$ 400 bilhões com os Estados Unidos. Então, não há racionalidade econômica na medida que foi tomada. Nós estamos com negociações ultra complexas com a União Europeia, em acordos bilaterais com vários países do mundo.”
Medida seria suficiente para impeachment nos EUA, afirmou Nobel de Economia
O prêmio Nobel de Economia, o norte-americano Paul Krugman, escreveu que a intenção de impor tarifa de 50% aos produtos brasileiros é “perversa” e “megalomaníaca”. Krugman chegou a afirmar que essa medida “seria motivo suficiente para um processo de impeachment” nos Estados Unidos. Ele criticou a decisão, que tem como base uma razão alheia aos interesses norte-americanos: o auxílio a um ex-presidente brasileiro que está sendo julgado pela Justiça brasileira.
Para Haddad, anúncio tem caráter político e prejudica estado de SP
Segundo Fernando Haddad, o anúncio do presidente dos Estados Unidos prejudica principalmente a indústria nacional e tem caráter político.
“Esse golpe contra o Brasil foi urdido por forças extremistas de dentro do país. Eu acredito que isso não pode se sustentar. Até porque até extrema direita vai ter que reconhecer mais cedo ou mais tarde que deu um enorme tiro no pé porque tá prejudicando o principal estado do país, justamente o estado de São Paulo. É o suco de laranja de São Paulo, são os aviões produzidos pela Embraer, que é uma conquista histórica da tecnologia brasileira.”
Imprensa estrangeira critica tarifa imposta por Trump
A imprensa estrangeira também repercutiu o anúncio das tarifas contra o Brasil. A rede norte-americana CNBC, dedicada a assuntos econômicos, destacou que Trump foi “mais longe” com o Brasil do que com outros países, “ao impor uma nova taxa de imposto de importação explicitamente como punição a um país envolvido em assuntos políticos e jurídicos internos que não agradam” ao presidente norte-americano.
Já o The New York Times escreveu que “a tentativa de Trump de usar tarifas para intervir em um julgamento criminal em um país estrangeiro é um exemplo extraordinário de como ele vê os impostos como uma solução única para todos”.
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