O Brasil deve conviver com um cenário de desaceleração econômica nos próximos meses. A avaliação é do economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. Segundo ele, a taxa básica de juros em 15% cumpre o papel de conter a inflação, mas também limita o ritmo de crescimento do país.
“O juro alto tem exatamente essa função de segurar a atividade. Ele desacelera a economia basicamente para controlar pressões inflacionárias”, explica Velloni. “Além disso, parte da Selic funciona como um prêmio de risco para atrair dólares, o que ajuda a manter o câmbio mais comportado.”
Para o economista, o efeito da Selic sobre o crescimento é esperado e necessário. “Quando começarmos a abrir espaço para cortes de juros, isso deve gerar alguma expectativa de aceleração econômica, mas ainda não estamos nesse ponto.”
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Agro e os impactos da tarifa
No campo, o economista chama a atenção para a combinação de fatores que afetam o desempenho. Além da queda nos preços internacionais das commodities, o setor sofre com as tarifas impostas pelos Estados Unidos. “O agro é um dos segmentos mais penalizados nesse momento, com expectativa de redução da demanda no curto e médio prazo”, afirma.
Velloni lembra que, historicamente, o agro já foi um dos principais motores do crescimento do país. “Em outros anos, o setor puxou com força o crescimento do Brasil, principalmente por causa da demanda mundial por commodities e das supersafras que conseguimos produzir.”
Os dados do PIB divulgados nesta terça-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam a perda de ritmo da economia. O indicador cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025 frente aos três meses anteriores.
O resultado foi puxado por serviços (+0,6%) e indústria (+0,5%), enquanto a agropecuária recuou 0,1%. Na comparação anual, no entanto, o setor agro registrou alta expressiva de 10,1%, impulsionado por milho, soja, arroz, algodão e café.
Pressão dos juros deve continuar
Apesar da sequência de 16 trimestres de crescimento e do maior patamar da série histórica iniciada em 1996, o desempenho do PIB ficou abaixo do registrado no início do ano, quando a economia brasileira havia avançado 1,3%. Para Velloni, a retomada só deve ganhar fôlego quando houver espaço para cortes na taxa de juros.
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