A China anunciou medidas de controle mais rígidas sobre a exportação de terras raras, que devem entrar em vigor a partir de 1º de dezembro. O movimento abre uma janela de oportunidade para o Brasil, que tem a segunda maior reserva deste tipo de material no mundo. Para Robson Costa, engenheiro ambiental e professor da Estácio, transformar o país em potencial geológico é um desafio complexo, mas plenamente viável.
“Esse processo depende de uma coordenação eficiente entre governo, setor produtivo e comunidade científica”, afirma. O especialista destaca que essa integração é essencial para superar desafios tecnológicos, estimular novos investimentos e garantir que o país mantenha internamente o maior valor agregado de seus recursos minerais.
O que são terras raras?
As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos presentes na natureza, usados em pequenas quantidades, mas indispensáveis para fabricar alguns produtos modernos. Entre eles, estão smartphones, baterias de carros elétricos, turbinas de energia eólica, telas de TV e equipamentos de defesa.
Na avaliação de Costa, porém, o nome “terras raras” pode gerar confusão. “O termo surgiu porque, no passado, esses elementos eram difíceis de isolar e foram inicialmente identificados em minerais escandinavos. Mas eles não são realmente raros na crosta terrestre”, explica.
Recuo chinês, potencial brasileiro
Dados de 2025 do Resumos de commodities minerais dos EUA mostram que o Brasil tem 23% das áreas conhecidas para a exploração de terras raras, ficando atrás apenas da China, que detém 49% do total. Assumir esse protagonismo, entretanto, requer que o Brasil deixe de atuar somente como exportador de matéria-prima. Hoje, a maior parte da produção brasileira não conta com processamento ou transformação local, perdendo grande parte do potencial de valor agregado.
Segundo Costa, é justamente nas etapas intermediárias e finais da cadeia produtiva em que o retorno é maior. “A etapa de separação dos elementos, por exemplo, pode agregar até 20 vezes mais valor do que a fase de concentração. Além disso, é essencial investir em pesquisa e em centros de inovação”, defende.
Neste sentido, o professor aponta que o Brasil tem uma oportunidade única de levar as riquezas geológicas a um próximo nível, já que a demanda por esses minerais deve crescer. “A busca global por alternativas à China abre espaço para o Brasil transformar sua riqueza mineral em desenvolvimento industrial e soberania tecnológica, além de contribuir com a geração de empregos”, conclui.













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