O presidente Lula disse nesta segunda-feira (28) que vai criar uma comissão para mapear os chamados “minerais críticos” no Brasil e que as empresas que pretendem explorar esses materiais terão que pedir autorização do governo. A declaração foi dada durante participação na cerimônia de inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açú, em São João da Barra, no Rio de Janeiro.
Segundo Lula, menos de um terço do potencial mineral do Brasil já foi monitorado e o levantamento será feito por uma equipe especialmente designada.
Esses dias li uma matéria que os EUA têm interesse nos minerais críticos do Brasil. Ora, se eu se eu nem conheço esse mineral e ele já é crítico, eu vou pegar ele para mim. Por que eu vou deixar para outro pegar? Nós estamos construindo uma parceria dentro do governo, com a criação de uma comissão ultraespecial. Primeiro, para que a gente faça o levantamento de todo o tipo de riqueza que o Brasil tem. Agora me parece que conhecemos o equivalente a 30%.
Os minerais críticos são essenciais para setores estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética. Entre eles estão o lítio, cobalto, níquel, usados em baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores. Lula defendeu que a produção mineral brasileira seja monitorada e utilizada para produzir riqueza para o próprio país.
Nós temos que autorizar a empresa a pesquisar sobre o nosso controle. A hora que a gente der autorização para uma empresa que ela achar, ela não pode vender sem conversar com o governo e muito menos ela vai poder vender a área que tem o minério. Porque aquilo é nosso. Aquilo é de uma pessoa chamada ‘povo brasileiro’. E o povo brasileiro tem que ter direito de usufruir dessa riqueza que essas coisas podem produzir. É simples assim. A gente não quer nada dos outros.
A fala se deu em função do interesse dos Estados Unidos na produção de minerais críticos no Brasil, e na ameaça de taxação nas exportações brasileiras pelo governo norte-americano. Lula citou os dois séculos de parceria entre os países, se mostrou favorável a negociar com parceiros internacionais e ponderou que a conversa é a melhor forma de resolver.
“A relação do Brasil com os Estados Unidos é uma relação muito séria. São 201 anos de relação diplomática. Já me dei com Clinton, com Obama, com Bush, Hillary Clinton, com Biden… Eu espero que o presidente dos EUA reflita a importância do brasil e resolva fazer aquilo que no mundo civilizado a gente faz: tem divergência, senta em uma mesa, coloca a divergência de lado e tenta resolver”.
No último dia 9, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de uma tarifa de 50% nas exportações brasileiras ao país norte-americano a partir do dia 1º de agosto. Trump justificou a medida em represália ao fato de que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sofrendo perseguição política. Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
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