A falta de acordo entre os poderes executivo e legislativo não é uma característica unicamente do Brasil. Nesta quarta-feira (1º), os Estados Unidos entraram em “desligar” (fechamento, em inglês) porque as leis orçamentárias do país não foram aprovadas pelo Congresso. Na prática, isso significa que o orçamento norte-americano está congelado e os funcionários públicos ficarão sem receber até que haja um consenso.
No mercado financeiro, no entanto, os impactos são modestos, já que essa não é a primeira vez em que a paralisação do governo dos EUA ocorre. Porém, desta vez, os possíveis efeitos estão no radar dos investidores.
Paralisação do governo dos EUA: entenda
Na terça-feira (30), o Senado dos Estados Unidos rejeitou uma proposta legislativa republicana e outra democrata a fim de evitar a paralisação. O movimento ocorreu pela última vez sete anos atrás, durante o primeiro governo de Donald Trump.
O impasse entre republicanos e democratas é sobre a renovação do financiamento federal para 2026. Por um lado, o partido de Trump defende uma extensão temporária do orçamento, isso sem mudanças adicionais. Já os democratas, de oposição, condicionam o apoio à inclusão de medidas ligadas à saúde.
Com a falta de acordo, houve o fechamento parcial das atividades estatais consideradas não essenciais, como é o caso do Federal Reserve, o banco central norte-americano. A divulgação de alguns dados monitorados pela entidade monetária, por exemplo, poderá ser prejudicada.
A última paralisação aconteceu entre 2018 e 2019 e durou 35 dias, causando um prejuízo de US$ 3 bilhões, o equivalente a quase R$ 16 bilhões.
O agro pode ser impactado pelo “shutdown”?
O mercado financeiro já está acostumado com o cenário de desligamentos nos Estados Unidos. Nesse sentido, quais são os impactos na economia e no agronegócio?
Na economia, os primeiros efeitos poderão aparecer com a suspensão de relatórios oficiais, atrasos em serviços públicos e a dispensa temporária de milhares de funcionários. Yedda Monteiro, analista de inteligência e estratégia da Biond Agro, aponta que a paralisação também gera uma onda de incertezas que não fica restrita ao mercado norte-americano. “Sem os indicadores oficiais, o mercado global fica no escuro quanto aos próximos passos do Federal Reserve, o que aumenta a volatilidade do câmbio”, explica.
Para o produtor rural, entretanto, a especialista ressalta que é preciso analisar dois pontos distintos. Isso porque por um lado há a valorização do real, o que pode reduzir a receita em reais das exportações. Por outro, também traz algum alívio nos custos de insumos importados, como fertilizantes e defensivos.
Outro ponto de atenção é o impacto direto nos dados agrícolas. “Agências do governo, como o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), também deixarão de realizar seus reportes semanais. Isso acaba por deixar o mercado no escuro”, alerta.














Deixe um comentário